Para Executivos
Para Jovens
O protagonismo de carreira se tornou uma necessidade já na década de 90 a partir do momento que o mercado se abriu e com isso a concorrência se tornou mundial. Desde então, ir levando coloca a pessoa em uma posição de menor atratividade, relegando sua dianteira a sorte. Por isso é fato que todas as pessoas devem cuidar da carreira profissional. Entretanto, apesar de parecer óbvio, nem sempre é o que tem acontecido na prática. A autogestão da carreira deve ser contínua, ao invés de reativa. Já foi o tempo em que era preciso cuidar disso apenas quando se ficava desempregado.
Portando, vamos iniciar esse artigo com uma provocação: a gestão da sua carreira profissional está estruturada e é seguida passo a passo para atingir seus objetivos ou está apenas no mundo das ideias, um apanhado de desejos que aguardam a sonhada “oportunidade”?
Faz parte da nossa cultura idealizar e dar mais valor para determinadas profissões e cargos em detrimento de outros. Dessa forma, esses que são valorizados, são seguidos pelos profissionais como pretensão e objetivo de onde se quer chegar, sendo a escolha certa e sinônimo de “bem sucedido”.
Quando a escolha de carreira profissional é feita pelo critério da que paga mais, a que está na moda, por influência da família e amigos, ela é resultado da pressão social. Assim o indivíduo abdica do desejo de fazer o que realmente tem sentido para ele e possui aptidão de acordo com a sua personalidade, para fazer a escolha politicamente correta.
Muita gente ainda atrela a felicidade ao dinheiro, escolhendo o que paga mais. Infelizmente são essas mesmas pessoas que depois se percebem infelizes no trabalho e, com a remuneração distante do seu ideal. Como alguém seria bem remunerado fazendo muito bem o que detesta anos a fio? Usam de muleta a justificativa de que “ninguém é feliz no trabalho”. Sendo então cada uma delas apenas mais uma na multidão dos que odeiam a segunda-feira, preço pago por estar na posição errada.
É um erro comum fazer a gestão da carreira com o foco financeiro, desprezando as fortalezas. Quando fazemos algo fora do nosso natural, exigindo grande esforço, por mais que seja possível um desenvolvimento e melhoria, dificilmente alcançamos uma posição de destaque nadando contra a correnteza.
Então se você odeia números e tem dificuldade na área de exatas mas quer ser um contador, após muito esforço e luta pode conseguir se tornar um. Porém por lhe ser algo artificial, você estará sempre atrás daquele que tem o perfil para a profissão, que fará o mesmo que você, com menor esforço e maior satisfação, deixando essa “competição” desiquilibrada.
Quando fazemos aquilo com o que nos identificamos, que temos potencial, o natural. exige pouco esforço e o resultado é outro. É quando passamos a amar a segunda-feira, e sim, isso é possível e acontece com muita gente, acredite! Para isso basta estar no lugar certo.
Ao assumir sua melhor posição de jogo os resultados são sempre surpreendentes, é o fim da cabeça pesada no fim do dia e o início do ganho de satisfação ao usar aquilo que se tem de melhor. Nesse cenário você pode conquistar o lugar de destaque, podendo ser o próximo Usain Bolt da sua área.
Mas e o dinheiro, onde entra nessa equação? Quando a busca é genuína e as posições são coerentes com o perfil, o que feito é a gestão da felicidade, e o dinheiro vem como consequência. Sendo isso a parte fundamental do capitalismo consciente.
O monitoramento proativo determina a diferença entre ter um emprego e construir um legado, entre pagar as contas e trabalhar por um propósito. É a diferença entre ter consciência do que é chave pra si e monitorar constantemente cada ponto vs. a espera pela iluminação do chefe e ação apenas quando algo vai mal.
Hoje em dia é preciso estudar muito, estar sempre atualizado. Tudo muda rápido, o que é certo hoje é já muda amanhã, o curso que você faz agora talvez nem exista mais em 10 anos. Essa cobrança é ainda mais forte no mundo corporativo. Desse modo o profissional que deixa de se atualizar perde espaço no mercado e dificulta sua busca por novas oportunidades quando desempregado.
Há profissionais que relatam desejar fazer certo curso, intercâmbio, especialização mas ficam em posição reativa, esperando que alguém faça a movimentação por eles. Seja por parte da empresa ou da própria família.
Você acredita que a melhor opção realmente é esperar a movimentação externa? Quem deve se interessar mais pelo seu desenvolvimento do que você mesmo?
Ao esperar assume-se a posição de desvantagem, enquanto aguarda, outros estão fazendo diferente e passando na sua frente. Se esse dia da espera nunca chegar e você acabar sendo demitido, o que vai fazer? Como recuperar o prejuízo e o tempo perdido?
Ter cada vez menos profissionais medianos é a tendência das organizações. O mediano se nivela por baixo, entrega apenas o suficiente, sem ser destaque, nem o mais ativo e nem o pior. Se você se identificou com essa descrição, sinto muito mas tenho uma péssima notícia para você, seus dias estão contados.
É crucial pensar a gestão da carreira profissional como algo continuo e estratégico. Dessa forma é possível mapear os objetivos, onde se quer chegar e analisar os caminhos e passos que devem ser traçados até ele.
Quando se enxerga a carreira profissional como um mal necessário, onde só se atua em situações de emergência, dando atenção apenas ao perder o emprego, você está fazendo o papel de socorrista. Assumir esse papel, ficar esperando o dia da promoção ou do aumento do salário chegar para tomar uma atitude, é um erro que pode custar caro.
Outro ponto que deve-se dar atenção é o excesso de compreensão, que pode ser ruim e sabotar sua carreira. É prejudicial quando nos conformamos com as situações e a usamos como consolo. Ela pode ser percebida em frases como “Mas eu trabalho muito e chego em casa cansado” ou “Eu já gastei muito dinheiro na minha formação e agora eu mereço dedicar meu tempo e dinheiro para o meu lazer”.
Com o mundo em constante mudança, em uma velocidade cada vez maior, a ideia de que ao terminar a faculdade se tem o conhecimento necessário até a aposentaria, se tornou obsoleta. Hoje é preciso se manter atualizado, sempre aprendendo para ser capacitado e ter a empregabilidade alta. O que é conhecido como Lifelong learning, que significa aprendizado ao longo da vida. Assim, quem o pratica deve estar aberto a novos conhecimentos e é considerado um eterno aprendiz. Aprende fazendo continuamente o cruzamento de temas e com cada experiência, indo além da formação.
Claro que cada um tem sua realidade, rotina, horários e dinheiro para investir, para aprender e se atualizar. Mas a sua gestão de carreira profissional deve ser feita pensando nos recursos disponíveis e também pensando no curto, médio e longo prazo, nas atividades e ações para cada um deles.
Os conceitos de aprender e atualizar são amplos. Afinal vai além de cursos e especializações caras em universidades renomadas e de ter dias ou meses livres disponíveis. Tendo do outro lado o básico e que pode ser praticado no curto prazo e sem custo algum. Como a leitura de notícias em jornais e revistas de renome, para estar antenado ao que acontece no país e no mundo. Uma atividade que se você reservar 10 minutos do seu almoço para ela já fará grande diferença.
Outra forma inteligente é utilizar sites, blogs e as redes sociais como o LinkedIn, YouTube e Instagram, seguindo perfis de referência da sua área, produtores de conteúdo sérios e didáticos. O interessante desses meios é que além de aprender, você entra em contato com os criadores e usuários, fazendo network.
Independente de qual momento você esteja, os meios são infinitos e devem ser encaixados para o curto, médio e longo prazo. Graças a tecnologia temos acesso a materiais incríveis, tudo com apenas um clique de distância.
A validação é parte fundamental do processo de aprendizagem, pois é quando se comprova o que está entendendo e se está fazendo aquilo de forma correta.
Um modo ótimo para a absorção das novas informações é botar a mão na massa. Isso pode ser feito através de atividades para você mesmo ou através de trabalhos voluntários, que além de praticar, já conta como experiência.
Após a prática, o próximo passo é saber como foi seu desempenho. O que pode ser feito através de feedback. Você pode conversar com pessoas que entendam do tema que aprendeu com o intuito de verificar se está correto, ouvindo o que a pessoa pensa da sua posição.
Caso tenha alguma produção palpável, mostre para entendedores do assunto, sem falar que você que o fez e pergunte o que achou. Para que o feedback seja eficaz ele precisa ser sincero, sem conter dedos ou medo de machucar o outro. Pois é a partir dele é feita a reflexão e com isso vem a evolução. Mas claro, sempre de forma respeitosa.
Publicado em Outubro de 2020.