Para Executivos
Para Jovens
Você trabalha com eventos, seu tio é dentista. Por certo considerá-lo um contato relevante na sua rede de relacionamento parece sem sentido. Mas e se um paciente recorrente dele é o diretor de marketing de uma das principais montadoras do país? Ou ainda, se a esposa desse tio for personal stylist de outro executivo de mesma relevância?
Sumário
De fato todo mundo conhece gente, mesmo os tímidos, calados ou retraídos. Reconstruindo a trajetória de criação da rede de relacionamento de cada um, vamos ao começo. Com toda a certeza, toda rede começa dentro de casa. Assim sendo, já que pais, irmãos, tios e avós são pessoas que conhecem pessoas, a rede básica leva a uma rede ampliada.
Essa rede evolui nos anos da escola, através dos colegas tanto quanto dos professores. Decerto ela continua ao longo da faculdade, crescendo em cada experiência profissional ou extracurricular. Todas as pessoas que conhecemos ao longo de nossa vida, com maior ou menor intimidade, formam a nossa rede de relacionamento. Se a pessoa é mais experiente ou menos, atua com coisas de maior ou menor afinidade ao que você faz, de certo ela conhece gente.
Um erro comum, entretanto, é deixar essa rede de escanteio durante anos. E, ao precisar de alguma coisa (como mudar de trabalho), fazer um contato ‘do nada’ dizendo algo do tipo ‘Tudo bom? Posso te mandar meu currículo para você espalhar por aí?’.
Um contato ou outro pode até dar andamento na tarefa recebida, mas a maioria se sente usada. Nem é preciso ir muito longe, pense em como você se sentiria se alguém com quem você não conversa há anos te procurasse com um pedido assim. Por isso a rede de relacionamento deve ser visitada, tratada, irrigada e nutrida periodicamente.
Se você precisa de números, 40% das vagas do mercado estão nas mãos dos headhunters, empresas de recrutamento ou nos sites das empresas. Então os outros 60% são preenchidos através de indicações das redes de relacionamento.
Para saber como anda sua rede, faça uma checagem rápida. Abra a agenda do seu celular e verifique com quantas dessas pessoas você conversou de fato nos últimos quatro meses indo além dos assuntos superficiais ou de trabalho. Se a resposta for inferior a 20, é sinal de que sua rede está ficando em segundo plano.
Nesse caso, liste todos os seus contatos, dos mais próximos aos mais distantes, dos com carreiras próximas à sua aos que fazem coisas diferentes. Faça um plano de ativação da rede. Então planeje uma agenda de ativação de cada um deles nos próximos meses. Telefone então para saber como aquele cara da faculdade que era seu parceiro de balada tem levado a vida.
Marque um café com o professor que você admirava muito. Convide o antigo líder para um almoço, a equipe anterior para um happy hour e os amigos dos pais, tão inspiradores na sua infância, para uma sessão de túnel do tempo vendo fotos antigas.
Em geral as pessoas gostam de ser procuradas, lembradas e queridas. Assim elas se sentem valorizadas quando percebem que são importantes para alguém. E ainda mais quando o outro demonstra um interesse genuíno pela vida dela. Faça isso de tempos em tempos. Frequência e consistência é que vão levar a uma rede VALIOSA de relacionamento.
Reserve um tempo em sua agenda mensal para cultivar seus contatos. Uma boa divisão é você focar 50% do tempo em contatos novos e 50% em contatos já conhecidos. Defina uma meta de pelo menos 1 conversa, happy hour, café, almoço por semana e assim.
Então você verá sua rede se expandir. Para os mais introvertidos, a conversa pode começar pelo WhatsApp, Facebook, LinkedIn e depois se confirmar num encontro pessoalmente. Telefone no aniversário, mande um artigo ou um livro que o fez lembrar uma conversa que tiveram, agradeça aos conselhos e dicas recebidos.
Uma rede de relacionamento ativa, próxima, conhece você, sabe dos seus planos, experiências anteriores e competências. Cada contato da sua rede atua como uma extensão dos seus olhos, ouvidos e capacidades na rede de cada um deles. Disso surgem parcerias, indicações, recomendações e sugestões. Seja proativo, abra a sua rede.
Mais simpático do que disponibilizar a sua rede ao outro quando pedido é fazê-lo por iniciativa própria. Como assim? Ao perceber que existem contatos seus que podem ser importantes para outra pessoa da sua rede, faça a ponte. Agregue valor conectando gente! Isso vai retornar para você de forma produtiva!
A prova de uma rede ativa é visível quando posições, ofertas e oportunidades surgem antes mesmo que você pense em olhar para fora, mudar de trabalho ou carreira. E ao pensar em mudar, não é preciso avisar a rede, pois seus contatos sabem do seu momento assim como você sabe do deles. A máxima do ‘colhemos o que plantamos’ deve ser o leme da sua rede de relacionamento.
Sábia frase: ‘tudo na vida é relacionamento’. Vale um adendo: ‘tudo na vida são os relacionamentos genuínos, com interesse real no outro, mais do que em si mesmo’. Isso significa que de nada vale reativar um contato apenas com o objetivo de mudar de empresa, ser apresentado a um cliente ou descobrir uma nova tecnologia e depois sumir.
Quando o outro se dá conta disso, a chance de você conseguir ‘reativá-lo’ novamente no futuro se torna mínima. O contato interesseiro é rapidamente desmascarado.
A sabedoria está em buscar o outro por ele próprio, não por você. O seu momento, interesse ou objetivo, deve ser consequência da boa relação, da afinidade, do respeito mútuo. É o mesmo que vale na escolha de um novo trabalho: a oportunidade de aprendizado e os desafios devem ser o alvo, salário é consequência.
Confira o e-Book ‘Sua Carreira nas Redes Sociais’. Você encontrará dicas práticas e de fácil aplicação. Além disso, leia o e-Book ‘Onde estão as vagas?’. Vários dos conceitos desse artigo estão aprofundados lá.
Publicado em Dezembro de 2014. Ampliado em Setembro de 2018