Para Executivos
Para Jovens
É comum um gestor promover alguém sem ter muita certeza de que dará certo. O raciocínio é ‘o pior que pode acontecer se der errado, é ter que mandar embora’. Isso parece simples, mas na verdade promover errado custa caro, muito além do valor da rescisão.
Veja por exemplo a promoção de um analista sênior a coordenador.
Premissas de Cálculo | Valor | Encargos |
Salário bruto da nova posição | R$8.000 | R$7.200 |
Salário do gestor direto | R$11.000 | R$9.900 |
Período de aprendizado até que o promovido esteja performando dentro do esperado | 3 meses | |
Tempo de passagem de bastão do promovido para seu sucessor na posição anterior | 0,5 mês |
Na ponta do lápis | Valor | Encargos |
Remuneração do promovido enquanto ele ensina o sucessor na posição anterior | R$ 4.000 | R$ 3.600 |
Remuneração total enquanto o promovido aprende – salário + encargos + benefícios | R$ 24.000 | R$ 21.600 |
Tempo do líder em integrar e instruir o promovido (valor das horas de gestão + encargos + benefícios), 2h por dia | R$ 8.250 | R$ 7.425 |
Não produção em termos de receita para a empresa enquanto o promovido aprende | R$ 0 | |
Investimento em treinamentos formais | R$ 0 | |
R$ 36.250 | R$ 32.625 | |
Total (valores + encargos) | R$ 68.875 | |
Total dividido pelo salário bruto da posição | 8,6 |
Enquanto o valor investido em uma promoção é de 8,6 salários, ao promover errado é preciso fazer tudo de novo, o que significa um desperdício de 17,2 salários.
Para simular então o custo de se promover errado na sua empresa, substitua os valores acima pelo correspondente de uma promoção que aconteceu nos últimos doze meses. Escolha uma que trouxe de fato mais estragos do que vantagens.
Agora que o custo de promover errado ficou claro, vamos analisar então os impactos intangíveis, que vão muito além do caixa.
A cultura organizacional direciona inegavelmente o modo de agir dos profissionais que nela trabalham. Além disso, ela tem uma correlação com engajamento e produtividade e garante o sucesso da estratégia.
A perenidade assim como a mudança da cultura depende essencialmente de 3 alavancas: a seleção, a promoção e a demissão. Ao promover errado e a pessoa se mantém na posição, o reforço dado a organização joga antes de tudo contra a cultura desejada. Isso acontece pois quem é promovido se torna referência. Se ele faz ‘mais ou menos’, o restante do time entende que aquilo é suficiente e o desempenho começa assim a ser nivelado por baixo. Ou seja, todo esforço e zelo para moldar a cultura acabam sendo desperdiçados por conta de uma promoção mal pensada.
Imagine a seguinte situação: Lucas é o melhor analista da empresa, entrega de fato mais do que o esperado, tem um ótimo relacionamento com os colegas de trabalho, possui excelentes habilidades técnicas e já está na empresa há um bom tempo. Então surge uma oportunidade de promoção, e todos, inclusive você, pensam que o Lucas é o melhor candidato para o cargo. Além disso, ‘ele merece tanto’. Lucas é assim promovido e para surpresa de todos se torna o pior gestor da empresa.
O primeiro erro está na promoção com base exclusivamente no passado. Tudo bem que ele era um excelente analista e que entregava os melhores resultados, mas como os requisitos comportamentais de sucesso mudam de uma vaga para outra, nem sempre melhor analista será um grande gestor. Agora, na nova posição, o Lucas se tornou primordialmente caro para a empresa. Como a legislação trabalhista brasileira impede ‘voltar atrás’ em uma promoção, as possibilidades reais são então duas: mante-lo hiper remunerado e com sub desempenho ou demiti-lo.
Aqui já podemos ver portanto o segundo problema, fruto de promover errado. A carreira do promovido sofre assim reais prejuízos, exatamente como descrito no Princípio de Peter. De acordo com estudos realizados na década de 90, o também conhecido por Princípio da Incompetência, diz que todo profissional tende a ser promovido até que atinja seu nível de incompetência.
O grande erro portanto foi uma promoção baseada exclusivamente no passado e sem nenhum embasamento em potencial futuro. Note que a ausência de ferramentas de mapeamento de potencial e de um processo consistente de planejamento sucessório foi crucial nesse caso, custando caro para a empresa tanto quanto prejudicando o indivíduo.
As promoções nocivas te deixam com a ‘faca no pescoço’. Com a intenção de manter um bom profissional, você acaba promovendo mesmo sabendo que existem muitos gaps e que nem sempre podem ser de fato corrigidos.
Esse tipo de promoção acontece quando um profissional te pressiona para ser promovido, seja porque ele recebeu uma proposta de outra empresa ou por querer um aumento salarial.
Em resumo, além de sair caro, isso acaba gerando um ciclo vicioso, e três meses depois, tudo acontece de novo: pressão, promoção mesmo sem desempenho e custos que não se justificam.
A boa notícia é que você pode se desvencilhar da promoção apenas com base nos resultados do passado assim como da ‘faca no pescoço’. Existem inúmeras técnicas que podem te ajudar nessa hora e garantir portanto que você não irá sacrificar nada na sua empresa.
Quer então promover de maneira saudável e assertiva? Clique aqui e conheça assim os 4 alertas para uma promoção bem sucedida!
Por Camila Watanabe, publicado em Agosto de 2020