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Positividade tóxica tem sido um dos termos mais buscados no Google nos últimos anos. Enquanto a positividade pode ser sinônimo de otimismo e resiliência, a positividade tóxica passa longe disso.
Atualmente no mundo web temos acesso a um festival de pessoas expondo suas vidas, corpos, casas, carros e trabalhos perfeitos, sem necessariamente trazer junto seus problemas ou preocupações. Isso gera, em quem consome esse conteúdo, uma expectativa irreal sobre a vida como ela é. Como forma de ‘ser cool’, esse tipo de comportamento ultrapassou a fronteira virtual e passou a estar presente entre as famílias, amigos e no trabalho.
A positividade tóxica, ou felicidade tóxica, é uma abordagem disfuncional do gerenciamento emocional. Ela exacerba o lado positivo suprimindo os aspectos negativos correlacionados. É fruto da dificuldade de lidar com emoções negativas. É ter que ser grato pelas dificuldades, sem reconhecer as dores e sofrimento vividos.
O emissor da opinião muitas vezes desconsidera a situação e sentimentos do outro, o que pode ser interpretado como falta de empatia, levando ao risco de um efeito reboot.
A positividade é tóxica quando o conselho ultrapassa os limites físicos ou psicológicos do aconselhado. Vale a pena cruzar essa linha e prejudicar ainda mais o outro do que ele já estava antes do famoso conselho ou opinião?
Veja falas comuns, exemplo de positividade tóxica que acontece no trabalho:
Existe mundo, vida, pessoas ou ambientes perfeitos? Passiveis de qualquer problema ou críticas possíveis?
Ao olhar os dois lados, positivo e negativo, de cada experiência, se exercita o senso crítico, tão relevante para se conseguir tomar boas decisões, evitar ciladas e ir além. Afinal, se está tudo lindo, nada nunca está ruim, para que evoluir?
O olhar otimista contribui para a resiliência, acompanhado da perseverança, dá força para persistir frente aos obstáculos. Só que suprimir os sentimentos negativos, negá-los ou ignorá-los, acaba alimentando uma bomba relógio, com efeitos graves para a felicidade, poder de realização. Tudo bem buscar o lado bom das coisas, fazer o que for necessário para fazer a virada, mas o que deixa de ser saudável, é quando todas as circunstâncias negativas são ignoradas. Se tem algo de ruim na situação ele precisa ser enxergado. Caso contrário, o exagero da positividade pode se transformar em miopia. Por exemplo, seu colega de trabalho é impactado por uma situação negativa, mas o outro se nega a interpretá-la dessa forma, mesmo quando ele está no fundo do poço, o outro só enxerga um campo de flores.
Por mais que muitos encarem a positividade extrema como opinião pessoal, estilo de vida ou colaboração voluntária, ela tem grande impacto para quem está ao redor e até mesmo ao emissor desse tipo de opinião.
Ao aceitar esse tipo de posicionamento como verdade absoluta e levá-la à risca, a pessoa pode acabar tomando atitudes que são ruins para ela. Por exemplo, pensando na carreira, se segue a opinião de alguém que fala que é normal odiar o trabalho, relativizando esse sinal de alerta, o profissional vai deixar de buscar mudar sua realidade e continuar infeliz por acreditar que aquilo é normal. Seguindo nessa mesma linha de absorver a falsa positividade, o indivíduo começa a entrar em pane, pois se ‘todo mundo passa por isso’, se ‘é normal’, se ‘tinha que ser assim’, bastava ele seguir o que é dito pela positividade extrema e tudo ficaria bem, certo? Mas, após seguir essa tendência e nada mudar, ou até piorar, a pessoa sai da situação ainda pior do que entrou.
Portanto, aceitar o que vem da positividade tóxica como verdadeiro a pessoa tende a utilizá-la como muleta, ignorando indicadores de alerta de que algo está errado, o que pode levá-la à tristeza, ansiedade e burnout. Assim, desabando o imaginário, por nunca conseguir modificar sua situação ou alcança o ‘oásis’ ideal, onde inexiste qualquer tipo de problemas ou lado negativo.
Veja algumas dicas do que fazer para nunca ser tomado pela positividade tóxica:
Infelizmente a positividade tóxica vai continuar existindo em todos os meios de convívio social. Já que é impossível se livrar dela, é necessário se fortalecer e aprender a como lidar com isso, sem ser impactado negativamente.
Publicado em março de 2022.