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O paulista Marcos Amaro, 31 anos, provavelmente possui todas – ou quase todas – as credenciais de um empresário bem-sucedido. Além de ser filho do Comandante Rolim Amaro (1942-2001), fundador da TAM, ele lapidou sua própria reputação no mundo dos negócios ao vender a rede Óticas Carol, em 2013, por R$ 108 milhões, três vezes mais do que o valor pago, em 2008. “Não tive aulas de negócios com meu pai, mas aprendi com ele, na prática, o valor de uma empresa bem administrada”, disse Amaro, logo depois de concluir a venda da rede.
Seria natural imaginar que ele trilharia o caminho do empreendedorismo, comprando e vendendo empresas Brasil afora. Mas não foi bem assim. Mesmo mantendo participação em três companhias, a V2 Investimentos, a Logbras e a Humaitá Properties, de empreendimentos imobiliários, ele dedica seu tempo às artes plásticas.
Sua obra mais cara, uma escultura produzida com material aeronáutico, foi vendida por R$ 25 mil. “Fui levado à carreira executiva, mas desde criança gosto de desenhar”, afirmou o empresário-artista, que também se especializou em desenhos em carvão, pintura a óleo e objetos tridimensionais, quase sempre criados com muitos tecidos, lonas e madeira.
O hobby, porém, virou profissão. Hoje, com ateliês em Itu, São Paulo, e Miami, Amaro é representado por galeristas internacionais e já expôs em cidades como Nova York, Zurique e Basel. “Quero marcar presença também no mercado internacional”.
A trajetória de Marcos Amaro não é uma exceção no meio corporativo. Com uma frequência cada vez maior, surgem histórias de empresários que encontram a felicidade – pessoal e, às vezes, profissional – no universo da arte “Além de poder gerar uma nova renda, as artes trazem fonte adicional de aprendizado e amplia a rede de relacionamento”, diz Maria Candida Baumer de Azevedo, diretora da consultoria People & Results.
Muitos executivos melhoram, inclusive, a forma de negociação e comunicação por conta da atividade paralela. Prova disso é o argentino Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm América Latina – empresa americana de tecnologia que registrou faturamento global de US$ 25,3 bilhões no ano passado. Formado em artes cênicas, Rafael diz que o teatro lhe trouxe mais desenvoltura nos negócios. “Descobri a arte há 15 anos e, desde então, tenho dedicado grande parte do meu tempo ao teatro.
A vida artística ajudou a melhorar a comunicação com os meus funcionários”, afirma Steinhauser, que já protagonizou oito peças teatrais. “Nunca tive problemas em conciliar a minha carreira corporativa com os palcos.
É preciso tratar as duas profissões com respeito.” Além das artes plásticas e cênicas, a música é uma companheira fiel de empresários e executivos amantes da arte. Um bom exemplo é o headhunter Alfredo Assumpção, fundador da consultoria Fesa e profissional considerado pela revista Businessweek um dos mais influentes do mundo em sua área.
Depois de atingir a meta de faturamento de US$ 45 milhões, em 2011, trocou o computador pela guitarra e violão. Desde então, gravou seis CDs que misturam samba, jazz e bossa nova, além de ter publicado onze livros, incluindo romances, poesias e ferramentas de empreendedorismo. “Gosto de dar uma roupagem diferente às músicas já consagradas”, afirmou Assumpção, que gravou canções de Tom Jobim, Vinicius de Moraes e João Gilberto, entre outros. E não há limite para esses novos artistas. Depois de vender a escola de finanças BSP-Business School São Paulo, em 2009, para o grupo americano Laureate, o suíço Maurizio Mancioli patenteou uma de suas obras mais curiosas, o Acquabox.
Trata-se de um autêntico aquário humano, com capacidade para quase três mil litros de água. “Estava na fase 100% empresarial, vivia estressado e com dores nas costas”, relembrou o empresário. “Assistindo a um filme, vi uma pessoa flutuando e pensei: preciso fazer um desses para mim. Fiz o design e, em 2006, o primeiro protótipo”.
Atualmente, o produto é comercializado por R$ 150 mil. A última peça vendida por ele está em Abu Dhabi, onde outros interessados negociam a compra para utilizar como decoração. “Hoje ganho menos, mas também preciso de menos e estou mais feliz. Faço o que gosto”.
Por Andressa D’Amato, Agosto/2016 – Linkedin |