Para Executivos
Para Jovens
A resposta parece óbvia: basta escolher a empresa onde meus valores são respeitados e vivenciados. Mas na prática, ainda existe uma quantidade crescente de profissionais que muda de empresa, com salário superior e vaga de nome pomposo e depois de 3 meses está infeliz por uma divergência ou choque de valores. Pois há ainda uma real dificuldade de saber como escolher a empresa onde trabalhar.
Seria a que paga melhor, fica mais perto de casa ou então a que oferece o cargo mais pomposo? Desse modo como escolher a empresa onde trabalhar?
No passado a seleção de novos profissionais priorizava a identificação de competências técnicas. Com o passar do tempo, percebeu-se que as demissões nada tinham a ver com incapacidade técnica, mas com a inadequação comportamental. Nesse momento entraram em cena etapas de seleção para identificar os comportamentos desejados.
Então ganharam espaço as dinâmicas de grupo, entrevistas por competências, jogos, a entrevista de caso, avaliações de perfil e testes de personalidade. Por isso, a melhoria na aderência das contratações foi visível. Certamente mudar um comportamento é mais difícil do que aprender a utilizar um novo software, uma metodologia específica de gestão de projeto ou passar a fazer um orçamento usando a lógica base zero. Portanto, a prioridade na hora de selecionar tem novos pesos.
A medida que um ‘problema’ se resolve, os que passavam desapercebidos ganham relevância. Por isso, conseguindo contratar pessoas com comportamentos e competências adequadas, o desafio passa a ser como identificar no processo seletivo quem também está alinhado à cultura, ao jeito de ser da empresa. Surgem então ferramentas de mapeamento cultural, com efetividade ainda questionada por misturar perfil, motivação, clima e cultura sob uma mesma chancela gerando mais confusão do que precisão de diagnóstico.
E as pessoas? A história não foge muito da anterior. Ao aceitar uma vaga, as pessoas valorizam se o nome do cargo demonstra mais poder que o atual, se o pacote de remuneração é maior e se o nome da empresa é bem reconhecido no seu hall de amigos e nas redes sociais. De fato esses são os símbolos do chamado sucesso objetivo.
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Se isso bastasse, profissionais recém-contratados estariam sempre felizes e casos de pedidos de demissão em poucos meses para aceitar propostas com remuneração ou status até menores seriam raros. Como resultado salário, status e poder têm efeito positivo no nível de satisfação do indivíduo apenas nos primeiros meses.
Passada a fase inicial, a insatisfação surge da falta do que se considera sucesso subjetivo. Ele pode estar no ambiente de trabalho, na relação de confiança ou desconfiança com gestor, pares, clientes ou fornecedores, na forma de interagir com a comunidade do entorno, nas ações sustentáveis ou pela falta delas e, principalmente, na partilha ou divergência de valores. Essa lista e seu nível de prioridade varia de pessoa para pessoa, o que explica como alguém ama uma empresa e outro chegue a detestar.
Valores são os princípios inegociáveis, aquilo para o qual não há vista grossa, do que não se abre mão mesmo recebendo um pacote de remuneração incrível. Valor não tem preço e nem está à venda. Assim sendo o alinhamento entre os valores pessoais e da empresa é passo vital para haver felicidade no trabalho. Como isso se traduz na prática?
Primeiro, é preciso reconhecer quais são os seus valores. Pergunte-se, o que te faz, ou fez, feliz nessa ou naquela empresa? Por quê? Você pode viver sem isso, ou trata-se de um elemento tão vital quanto o ar que se respira? E o que te frustra e por quê? Você pode conviver e tolerar essas práticas ou isso te é inadmissível? Toda vez que se trata de algo sem o qual ou com o qual você não pode continuar trabalhando em determinado lugar, isso é valor para você.
Conhecidos os seus valores, comece seu trabalho de detetive e pesquisador. É a hora de saber quais são os valores da empresa em questão. Apesar de raro, às vezes que o que a empresa declara no site, nas paredes e portas dos elevadores, realmente se pratica no dia a dia. Para confirmar ou descobrir os valores de fato é preciso conversar com quem trabalha lá, trabalhou, é cliente, fornecedor e também com parceiros.
Primeiro entenda que a conversa precisa ser pelas bordas, como em um namoro. Nada de ir direto perguntando ‘o que tá na parede é verdade?’. De fato, são poucas as pessoas que entendem o que são valores vivenciados e já refletiram se o que está na parede é a realidade.
Para descobrir a cultura, use perguntas do tipo: ‘o que faz alguém ser promovido aqui? E mandado embora?’ podem trazer valores relativos à honestidade, ética, politicagem, meritocracia, protecionismo, apadrinhamento, comando e controle.
Perguntas como ‘qual sua relação com seu gestor direto? E com seus pares?’ podem falar sobre trabalho em equipe, cooperação. E ainda ‘como você fica sabendo do que acontece na empresa?’ falam de comunicação, acesso à informação, tomada de decisão.
Pense nos seus valores, em seguida liste as perguntas necessárias para saber se a empresa comunga deles ou diverge. Então você terá a resposta se aquela é uma empresa da qual quer fazer parte ou não. Escolha, seja protagonista da sua carreira. O sucesso objetivo parece trazer felicidade, mas ela é efêmera, dura pouco. Então, alcançar seu sucesso subjetivo resulta na felicidade garantida pelos próximos anos. Por isso fazer bem feito ao escolher a empresa onde trabalhar faz toda a diferença.
Quer saber como essa escolha acontece sob a perspectiva das empresas? Leia aqui.
Publicado em Fevereiro de 2012. Atualizado em Agosto de 2018 e Março de 2020.